Fala designers, quase designers e designimados! Chegou a hora de falarmos daquele-que-não-deve-ser-nomeado, o “Trabalho Cabuloso Cancerígeno”, conhecido como TCC.

“Ah! É fácil demais. Tu faz design né? Então é só apresentar um desenho.”

Isso é o que seus amigos pensam. Só porque você faz design, para eles, seu trabalho final do curso será apresentar um desenho (o que não deixa de ser verdade em muitos casos). O que eles não sabem é que aí é só a ponta do Iceberg. Além do desenho, que não é apenas um, ainda tem um milhão de coisas que você precisa fazer para tirar aquele 10.matrícula antecipada - bolsa de estudos de até 75% no site Quero Bolsa

TCC no design é composto pelo projeto e a sua fundamentação teórica, ou seja, trabalho em dobro.  Para alguns pode até ser fácil desenvolver, no entanto, para outros se torna uma grande dor de cabeça.

Geralmente quando você começa o trabalho é como se você entrasse em um relacionamento sério daquele tipo controlador, que não te deixa sair de casa, encontrar os amigos e quer toda atenção para ele. Dedicação exclusiva.

Além disso, todo designer é indeciso. A gente nunca sabe qual tipografia vai usar, qual paleta de cores é a melhor, e por aí vai… E olha que às vezes a mudança é só uma coisinha de nada.

Nós designers passamos um tempão virando a cabeça para um lado e para o outro procurando os erros e os ajustes perfeitos, para ver se tá legal, e nunca tá. Agora se somos assim no dia-a-dia, imagina escolher tema de conclusão de curso. É um desespero.

Na verdade já temos o tema no nosso trabalho no 1º semestre do curso e você já montou mentalmente todas as suas ideias para o projeto, mas no 2º semestre você já mudou, passou de gráfico para produto, e no 3º já surgiu outra ideia massa que você aprendeu na aula de fotografia.

E agora?
Sem ideias no papel

Cada mês é uma ideia nova que surge e quando chega na hora de escolher você não sabe mais de nada. E sem contar quando o designer tem o espírito revolucionário, daqueles que desejam que o seu projeto seja transformador e salve a humanidade. Maravilhoso! Precisamos de trabalhos assim, mas não se frustre se não conseguir mudar o mundo, mudando de alguma forma as pessoas que estão perto de você já é suficiente. 😉

Na real, o que acontece é que no decorrer do curso você tem um milhão de ideias para o seu TCC, mas na hora de escrever a primeira linha do projeto o papel fica em branco um tempão. Como sempre, as ideias na hora que mais precisamos elas nos dão um bolo. Por fim, você pensou em fazer sobre um tema, mas acabou fazendo outro completamente diferente. É normal.

Agora me diga uma coisa. Porque o TCC é sempre um bicho papão? Se somos bons em criatividade, em boas ideias, em design… era pra ser fácil, não?

A resposta é o tempoA Persistência da Memória - Salvador Dali

As boas ideias surgem do nada, em segundos, mas precisam de tempo para amadurecimento e lapidação. Design bom é design pensado! E pensar leva tempo. Porém, o problema não é pensar uma boa solução, eu sei que você irá conseguir, mas o problema é pensar uma boa solução para o seu projeto uma semana antes da apresentação.

Sério! Se você tiver 6 meses para fazer o TCC você vai deixar para fazer no final e mesmo se você tiver 2 anos você deixará para fazer em última hora. Aquele dom de conseguir fazer tudo em cima da bucha e fazer bem feito é para poucos.

É incrível. Quando você tá atrasado nos prazos e tudo dá errado, baixa um encosto no projeto que o negócio não anda: é impressão não que presta, é PDF que não compacta, é software que não renderiza, sem falar quando trava e corrompe o arquivo (é nesta hora que a gente faz as orações). O cara que vai entregar seu protótipo, depois de muitas ligações ele te informa que deu erro na peça. É uma coisa de louco! A possibilidade de erros sucessivos e imprevisíveis é infinito. Conclusão, é um complô contra você.

Ah, lembra que falei que parece um relacionamento controlador, exagerei, não é pra tanto né, o TCC também é reconciliador.  Isso mesmo! Ele aproxima as pessoas.  Nesta altura do campeonato você já gastou muito neurônios e dinheiro também. Sim TCC gasta! Prepare seu bolso, porque além de todo o dinheiro gasto com xerox e materiais, você vai desembolsar uma grana aqui. Isso claro se você quiser ter uma apresentação do projeto bem feito com aquela impressão em papel especial, ou talvez usar uma faca de corte “diferentona”, ou pior, se seu protótipo for um móvel, aí já era, prepara o cofre do porquinho para o abate.

O Grito - Edvard MunchNeste ponto já deu dor de cabeça e um desengano na vida, tudo parece ter acabado. Mas, eis que surge uma luz. Entra em cena seus amigos e familiares e agora é um trabalho coletivo. Eles comovidos com sua situação tomam a responsabilidade para si arregaçam as mangas e entram de cabeça no projeto. Sua mãe de um lado fazendo orações, sua tia catalogando todos as figuras, seu amigo também designer fazendo a diagramação do projeto, enquanto o outro foi no centro imprimir uma parte que deu errado. Enfim, é um mutirão em prol da causa.

Mas é claro que esse sufoco todo não se aplica em todos os casos. Sempre tem aqueles organizados que fazem tudo certinho no tempo certo. Esse não sou eu! E se você tá com dúvidas de como começar o seu projeto, olha aqui o que preparei. Então confere essa dicas:

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5 dicas que irão ajudar a fazer seu TCC

1. Faça brainstorm e mapas mentais.

Organizar as ideias é o primeiro passo para dá o ponta pé no seu trabalho. Nesse processo é bem provável que você tenha um insight de uma ideia genial para o seu trabalho revolucionário, ou não rsrsrs.
Mapa Mental - Processo Criativo

Brainstorm ou Tempestade de ideias é uma técnica que tem como base a liberdade de pensamento. Aqui o objetivo é você escrever no papel o máximo de ideias possíveis que vem em sua cabeça em relação ao tema. Toda ideia é bem vinda mesmo que inusitada, mesmo que não faça sentido não se prenda, não corte as possibilidades e não julgue a ideia mesmo que inviável no primeiro momento, elas podem ser úteis unindo-se a outras ideias. Deixe fluir.

Por exemplo, se o tema é “escrever” e você pensou em uma caneta voadora, anote esta ideia, de repente você não fará de fato uma caneta que voa, mas ela pode passar a ideia de leveza para o seu produto final.

O interessante é que este processo seja feito em grupo, porque a quantidade de ideias e possibilidades será multiplicado e irá gerar várias discussões interessantes. Como é um projeto pessoal, você poderá fazer em parceria com seu orientador, amigos e familiares.

Mapas Metais é uma maneira criativa de ideias e tornar visuais a partir de palavras-chaves. Não há uma maneira visual certa para organizar as informações, apenas deve seguir o seguinte princípio:

– As ideias devem partir do centro, onde está o tema principal.

– Deve ter uma ramificação de ideias, ou seja, deve ser interligado onde uma ideia gera outra.

– Deve ser colorido, não é regra, mas nosso cérebro percebe padrões visuais, então desta forma será melhor organizar os grupos de informações.

E se você tem problemas com criatividade e geração de ideias, dá uma conferida nesse outro artigo que preparamos para te ajudar:

BLOQUEIO NO PROCESSO CRIATIVO… QUEM NUNCA?

2. Escolha um tema que você goste.

A abrangência do design é gigante, isso é indiscutível. Mas acredito que você não estudou todos os campos a fundo e nem tem afinidade com todos eles.

Fluxograma - Áreas do Design

NOTA: Você vai dedicar muito tempo estudando esse tema e por isso não pode ser algo chato para você.

Pergunte: Qual área do design você gosta mais?

No meu caso, tinha formação no campo do produto e sempre tive interesse pela relação dos objetos e as pessoas do ponto de vista cultural. Eu sabia que deveria seguir neste campo, mas não sabia como. Foi então que em algumas viagens que realizei, com outros objetivos, que despertei o gosto por fotografar lampiões. Observar essas estruturas era agradável e me deixava curioso sobre luminárias. Partindo deste ponto, surgiu a ideia então de fazer uma relação entre os lampiões e o candeeiro (luminária regional), culminando em uma linha de luminárias.

As ideias para o seu TCC podem surgir de observações e conexões inusitadas.

3. Encontre uma metodologia.

“A metodologia no design é um conjunto de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, que nos leva de forma confiável e segura à solução de um problema”. MUNARI, 2000.

No decorrer do curso de design você encontrou muitos teóricos nas discussões sobre a metodologia de design. Alguns teóricos já ultrapassados, outros métodos reformulados, assim como estruturas projetuais do século anterior que ainda sustentam sua aplicação.

São inúmeros os métodos possíveis dentro do design. Você encontrará nomes como Mike Baxter, Bernd Loback, Bernhard Burdek, Donald Norman, Chistopher Alexander, Tim Brown, Brigitte Mozota, Caio Vassão, Gui Bonsiepe, Dijon de Morais e vários outros. Enfim, a lista é grande, mas o que difere na escolha do método utilizado são os objetivos do projeto. Não trago aqui qual autor é melhor, o importante é que a metodologia escolhida te dê suporte e ajude a encontrar o caminho até o produto final.

Acredito também que os métodos de design não são estruturas fixas e enrijecidas de valor definitivo. O processo pode ser modificado caso o designer encontre outros caminhos para melhorar seu projeto, ou seja, você pode utilizar apenas um método, mesclar processos diferentes para tornar seu projeto completo ou unir um método já estabelecido com uma proposta própria, só que neste caso você deverá fundamentar suas decisões.

No caso do meu projeto eu optei por escolher uma metodologia apresentada por Bruno Munari, no livro Design e Comunicação Visual: contribuição para uma metodologia didática (1997).

Modelo de Metodologia

Eu estava trabalhando na esfera da memória e cultura e percebi que a metodologia acima trabalhava bem os aspectos físicos e psicológicos que eu pretendia passar. Era necessário produzir um objeto que não apenas possuísse qualidades estéticas, mas também uma consideração dos fatores econômicos, viabilidade produtiva e atentar-se à uma estreita relação entre público e produto, no campo emocional.

No ponto sobre criatividade trouxe para dentro da metodologia de Munari outros processos, como moodboard de persona, materiais e sínteses.

O livro “COMO SE CRIA – 40 METODOS PARA DESIGN DE PRODUTO”, da Ana Verônica Pazmino (2015), traz uma série de exemplos de metodologia que você poderá se aprofundar.

4. Faça um sumário bem estruturado.

Depois da escolha do tema e da metodologia de design o próximo passo será estruturar as etapas do seu projeto. Fazer um sumário bem organizado é importante para nortear sua pesquisa e criação. Depois de pronto você conseguirá visualizar os próximos passos e os campos que você precisa apresentar.

Modelo de Sumário

No primeiro grupo de informações apresente de forma geral a intenção do projeto para o leitor e quais os objetivos você desejar alcançar.

Pergunte: O que você está propondo? Qual impacto terá o seu projeto?

Lembrando que deverá ser apresentado de forma sucinta porque é apenas a introdução e você terá mais tempo para desenvolver esses requisitos.

Feito a etapa de apresentação, faça um esquema das etapas projetuais. As informações desta parte do sumário estão diretamente ligadas ao tipo de metodologia escolhido no passo anterior.

É interesse que você construa uma caminho de informações que leve o leitor até o objeto de estudo, como um “funil”. Comece apresentando os conceitos da grande área do design que você está atuando, em seguida restrinja sua pesquisa ao seguimento da área, por fim, afunile o estudo apresentando o objeto de estudo. No meu caso essas informações ficaram da seguinte forma:

  • Área do Design (produto)
  • Seguimento (light design)
  • Objeto (lampiões e candeeiros)

Importante: Quanto mais restrição do tema, mais informações específicas você deverá apresentar, ou seja, a descrição do objeto de estudo deverá ser a etapa com maior número de informações.

5. Organize seu tempo.

Esse fator é importantíssimo. Faça um cronograma de atividades e estipule metas. Cumprir prazo não é para todos, então tenha disciplina.

Ampulheta e relógio de bolso

Uma dica é dividir bem o tempo de dedicação para a parte teórica e a prática.

Na parte teórica estabeleça o tempo para fazer uma pesquisa livre sobre o tema. Neste momento reúna o máximo de referências possíveis (imagens, links, livros e autores). Nem sempre será fácil encontrar as informações que você procura, as vezes o tema em estudo ainda não foi muito explorado e você terá dificuldades para encontrar este material em livros.

No meu TCC, encontrei informações em músicas, poemas, fotografias, livros, a partir das experiências pessoais e na oralidade. Eu destinei uma grande parte do tempo recolhendo informações, mas perdi o prazo para organiza-las.

NOTA: O conhecimento é vasto e as informações são importantes, mas tenha cuidado para não se perder nas pesquisas e sair da sua área de estudo e tornar o projeto sem foco.

Outro ponto importante é o valor da informação. Tenha cuidado para não trazer conceitos errados e informações sem fundamentos. Embora eu acredite que fontes como poemas, músicas e experiências sejam riquíssimas, não esqueça também de fundamentar com uma bibliografia especializada.

Já na parte de criação a dica é separar o tempo de concepção e produção. Claro que não é fácil fazer isso, até porque estamos trabalhando no campo da criatividade e o tempo para um insights e maturação das ideias é impreciso.

No início desta etapa você nem sabe como será o resultado do projeto e por isso ainda não consegue perceber a etapa produtiva. Mas, a partir do momento que seu projeto vai ganhando corpo, comece a pensar como será executado.

Pergunte: Você conseguirá fazer um protótipo sozinho ou irá precisar de ajuda externa? O material é de fácil acesso?

Se você não tiver atenção para a etapa de protótipos, você poderá ter uma ideia incrível mas não conseguirá fazer com que as pessoas visualizem essa ideia. Isso será ruim para sua nota final.

Então, mãos à obra!

Lembre-se que você é designer e não mágico. O seu trabalho não vai surgir na sua mesa um dia antes da apresentação, claro, isso pode até acontecer se você pagar à alguém para fazer seu trabalho e só esperar ele chegar, mas, que designer é esse que não consegue fazer nem o próprio trabalho? Você se contrataria? Pense sobre isso! 😉

Enfim, se bem feito, você vai se sentir realizado e feliz com o seu resultado. Depois do filho concebido, do TCC impresso na mão, é só correr para o abraço, ou melhor, para a apresentação. Boa sorte!

Os passos apresentados acima não é tido como verdade absoluta, são apenas sugestões a partir da minha experiencia acadêmica e espero que te ajude de alguma forma. Fique livre para adaptar e criar seu próprio método.

Vou deixar o link para download do meu TCC que usei como referência no artigo, caso você tenha interesse de acompanhar o projeto completo.

DESENVOLVIMENTO DE UMA COLEÇÃO DE LUMINÁRIAS A PARTIR DE UMA RELEITURA SOB A LUZ DO CANDEEIRO (Download).

E se você já passou esta fase e se identificou com o texto deixa aqui  o seu comentário. Compartilha com a gente como foi essa experiência.

Até a próxima o/

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